quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

SENTIDO DO ADVENTO




Para o cristão não existe tempo sagrado ou tempo profano. Todo tempo pertence àquele que é, que era e que será (Ap 1,8). É por isso que a Igreja proclama: - É verdadeiramente justo, racional, e salutar que sempre e em toda parte rendamos graças, ó Pai Onipotente, Criador do céu e da terra (LOC, 62), Senhor de todo o tempo, Senhor de nossa História.

A vida dos seres humanos é cadenciada por estações: infância, adolescência, juventude... O tempo tem suas marcas que orientam a época certa para plantar e para colher. Mas, e as pessoas que vivem mergulhadas nas grandes metrópoles? Pode parecer estranho, mas o que marca o tempo das pessoas no mundo urbano é a publicidade. Por exemplo: passado o dia das crianças, a TV passa a veicular propaganda natalina, o que leva as pessoas a se ligarem no tempo. É evidente que está por trás de tal propaganda um interesse comercial, que, no entanto, pode servir para que nós, em nossas comunidades, nos coloquemos em movimento para o novo tempo que vem chegando.

Para nós, cristãos, o Advento convida:

  1. A olhar com esperança renovada, pois Deus renova para conosco sua bondade, fazendo-se menino no Natal;

  2. Animados pela presença de um Deus que caminha conosco somos chamados a olhar para o ano que finda e percebermos nele os sinais de esperança; valorizar o que deu certo e ter a coragem de arrancar o que não serviu;

  3. Celebrar o Advento não é repetir; é redescobrir o jeito de ser sinal da presença de Deus. É colocar-se diante do desafio: reconstruir a esperança quando muitas coisas parecem indicar que já não há esperança.

O novo tempo, o novo ano, se apresenta nos sonhos de todos nós como promessa de tempo melhor. E será, pois sentimos renovada a presença de Deus em meio a seu povo que se reanima. É a História de um povo que marcha. O deserto não é fim; é passagem. Passagem para uma terra de fartura, de vida em abundância.

O ADVENTO

O tempo de Advento, tal como nós o conhecemos hoje é fruto de um longo processo, amadurecido em meio a muitas discussões. Inicialmente tratava-se de um período que preparava a festa da Epifania e compreendia o período de 17 de Dezembro a 06 de Janeiro. Por volta do século V, a Igreja cristã da Gália observava um período de 40 dias de preparação para a festa da Epifania. A Igreja de Roma adotou esta preparação em vista do Natal. Outras Igrejas seguiam ainda costumes locais próprios. Uma maior uniformidade quanto ao tempo e a maneira de celebrar acontece por volta do sec. XI. Uma história longa e nem sempre fácil de ser compreendida, por isso deixemos aos historiadores o direito de nos ajudar na compreensão desta história.

Hoje, o Advento acontece marcado por uma grande agitação: luzes, propagandas, ofertas de cestas, ceias, presentes e muita cor. Em meio a tanta luz, as comunidades cristãs são convocadas pela Palavra a reavivar as esperanças. Para os "de fora", com certeza, um grande paradoxo: reanimar-se a partir do surgimento de um menino, pobre, da periferia? É no espanto desta pergunta que nasce nosso desafio: mostrar nossa convicção e fé no Deus-conosco: Emanuel.


Lauri José Wollmann, reverendo da IEAB.

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